26 abril 2006

Cerco aos fast food

Considerada um dos principais problemas de saúde pública mundial, a obesidade já atinge 40% da população brasileira. O número triplicou nos últimos 20 anos. O problema é tão grave que a Organização Mundial da Saúde (OMS) o classificou de epidemia. Na tentativa de conter a disseminação da obesidade, o prefeito César Maia estabeleceu em julho um decreto obrigando as redes de fast food a afixar tabelas visíveis com a quantidade de calorias e de nutrientes dos seus lanches, ao lado dos valores recomendados mundialmente.

Mas as medidas restritivas não param por aí. Outro decreto da prefeitura determinou que os alimentos fabricados e vendidos no município deverão trazer no rótulo a especificação da quantidade de gordura trans (vegetal hidrogenada) – usado para dar consistência aos alimentos. O ingrediente está sendo apontado como um dos principais responsáveis pelo aumento do colesterol ruim (LDL) e diminuição do colesterol protetor (HDL). O decreto passa a vigorar em um ano. Na opinião da professora do Instituto de Nutrição da UERJ, Márcia Madeira, as normas contribuem para conscientizar a população, no entanto, não se esgotam por aí:

– As novas medidas geram mais informação sobre os riscos da alimentação calórica, porém, exigem uma fiscalização contínua. É fundamental o acompanhamento de técnicos para checar a qualidade da informação – pondera.

Um dos principais vilões da obesidade, as redes de fast food há muito deixaram de ser importadas. Reflexo da globalização dos costumes, o Brasil já produz restaurantes do gênero, fiéis à fórmula que conjuga rapidez, excesso de calorias e preços um pouco mais acessíveis.

– Habib’s e Frango Assado são alguns dos exemplares nacionais. O conceito de fast-food já se entranhou na nossa cultura e a única forma de minimizar seus efeitos é a informação – avalia a professora Márcia Madeira.

No Brasil, uma estimativa de gastos feita pela Força-Tarefa Latino-Americana de Obesidade revelou que as doenças relacionadas com o excesso de peso consomem 5% dos gastos com internação pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Diante do crescimento deste problema, uma legislação alimentar vem se consolidando. No Rio de Janeiro, o primeiro passo ocorreu no ano passado, quando a prefeitura proibiu a propaganda e a venda de balas, chicletes, salgadinhos e refrigerantes, entre outros produtos, nas cantinas das escolas municipais.

Já o Ministério da Saúde discute a elaboração de uma política de alimentação para regular o que se come nas escolas. Na prática, em 2001, foi determinado que os rótulos tragam estampado o valor calórico e a quantidade de carboidratos, fibras e proteínas, entre outros nutrientes. O período de adequação das empresas se encerrou no dia 31 de julho. Resta conferir se a lei será efetivamente cumprida.

Obesidade atinge todas as classes


No Brasil, há 70 milhões de pessoas (40% da população) acima do peso, distribuídas em todas as classes sociais.

. São consideradas obesas as pessoas que possuem um índice de massa corpórea (IMC) acima de 30. O IMC é calculado pelo peso dividido pela altura ao quadrado. Um IMC entre 25 e 30 indica um sobrepeso que costuma ser nocivo à saúde, especialmente quando associado, como é freqüente, a doenças como a diabete.

. 12,2% das mulheres e 7% dos homens brasileiros adultos são obesos.

. Na região Sudeste, 14% das mulheres pobres estão acima do peso. Já nas que pertencem às classes média e média alta o índice é de 9%.

. Entre as crianças brasileiras, a prevalência de obesidade cresceu 240% nos últimos 20 anos, contra 66% nos Estados Unidos.

. Cerca de 30% das crianças obesas tornam-se adultos obesos. Este tipo de obesidade que persiste na vida adulta é a forma mais grave e com maior índice de mortalidade.

Fonte: UERJ

Um comentário:

Anônimo disse...

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